quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Internet é lugar de autoria ou plágio?





Entender a complexidade da questão levantada não é tão fácil assim, considerando que a resposta pode conter um paradoxo, pois a internet tanto pode ser um lugar de autoria ou plágio. Primeiramente, plágio de acordo com o minidicionário Aurélio Buarque de Holanda, Editora Nova Fronteira, 2001, página 538. Quer dizer apresentar como seu (trabalho intelectual de outrem). E se adotamos na prática educacional, um fazer pedagógico instrucionista, como afirma DEMO (2008), a internet com certeza se tornará um lugar de plágio. Pois esse tipo de estrutura pedagógica propicia esse ato.
Nesse sentido, torna-se necessário fazer da internet um lugar da inventividade, ou seja, um ambiente onde os estudantes produzam seu conhecimento, sendo autores e não meros copistas, que basicamente não pensam sobre o que fazem. Desta maneira assume o lugar de autoria, no qual acredito que esse deve ser o caminho a seguir, e para isso é preciso repensar sobre a educação atual, abandonar filosofias e metodologias tradicionais. Necessário é perceber que há a necessidade de se trabalhar com novas alfabetizações ou multi-alfabetizações:

“O termo “multi-alfabetizações” quer indicar que alfabetização se tornou plural, porque são muitas as habilidades esperadas para enfrentar a vida e o mercado hoje, com destaque para fluência tecnológica. O termo “novas alfabetizações” sugere que há outras motivações para a alfabetização oriundas em geral das novas tecnologias, não bastando saber ler, escrever e contar.” (DEMO,2008)



            Partindo dessa abordagem, ambientes virtuais oriundos das novas tecnologias, tornar-se-ão ambientes de produtividade e autoria. Onde os estudantes aprendem a aprender, para a vida e para a sociedade globalizada onde vivem. Então o aprender não se limita apenas na transmissão passiva de conhecimento. Mas se aprende para se encaixar de maneira renovada nas expectativas da produtividade e inovação tecnológica.  No entanto, a aprendizagem nunca é acabada, mais percorrerá para a vida toda. 
            E uma aprendizagem para uma vida toda, significa formar alunos autores, capazes de lidar com fluência tecnológica, utilizando de forma efetiva o computador, internet, celular, etc. Podemos entender de fluência tecnológica como habilidade minimalista de digitar texto, navegar a internet, conhecer comandos repetitivos, mas igualmente como exigência rebuscada de dar conta de empreitadas não-lineares interpretativas, nas quais a postura é de sujeito participativo/reconstrutivos (DEMO, 2008). Reforçado assim, o que foi falado, quando utilizamos a internet como aliada a nossa prática e também como ambiente de autoria, deixamos de ser professores instrucionistas e passamos a ser mediadores do conhecimento, onde a aprendizagem colaborativa entre professor-aluno-professor é a essência das relações.
            Blogs, Wikipédia, MSN, Orkut e outros ambientes interativos, se utilizados de forma critica e autocriticamente, podem promover a autoria, bem como, ambientes de jogos que fazem dos estudantes protagonistas. As riquezas oriundas desses ambientes já fazem parte do cotidiano dos nossos alunos, então, a utilização desses como lugares de colaboração de aprendizagem é imprescindível, para que possamos desenvolver em nós e nossos alunos também habilidades e competências exigidas no século XXI. Habilidades como desconstruir e construir habilidades, capacidade de questioná-las, autoria crítica e autocrítica para que:

“ saber pensar não se restringe  mais a uma atividade recolhida, ensimesmada, produto de uma cabeça privilegiada, mas assume o desafio de torna-se jogo coletivo. Não esperamos mais que algumas pessoas saibam pensar e, por isso, pensem pelas maiorias. Levantamos agora a expectativa de que a população saiba pensar.” (DEMO, 2008)



            Consequentemente, o uso reflexivo desses ambientes como promotores de práticas de gêneros textuais sociais que visam o bem comum, a autoria baseada na colaboração entre todos, precisam ser assumidas tão logos pela educação pública brasileira como uma política forte que repensem sobre um novo modelo educacional, cuja proposta pedagógica não torna a presença de cada aluno como exclusiva e sim como participante do processo e, portanto, constituidora da identidade que se esta construindo. E neste contexto a autoria (seja pela internet ou outra) deve ser pensada como resultado da aprendizagem cooperativa.
            Por conseguinte, o papel do docente é importantíssimo para que ocorra de fato um ambiente de autoria, assim, é imprescindível a valorização da categoria o quanto antes, para que nós possamos nos preparar e preparar nossos alunos para o século vigente. É preciso abandonar discursos utópicos e fazer acontecer. Capacitar para o “aprender a aprender” deve ser a filosofia da política educacional e bem como uma remuneração digna para o professor participar do mundo tecnológico e obter uma melhor qualidade de vida. Pois ainda que as tecnologias vieram e se tornaram partes da nossa vida e isso é inegável, o professor continua sendo a parte principal, a tecnologia essencial da educação. 


Referências:

DEMO, Pedro. Habilidades do Século XXI. Senac. Rio de Janeiro, 2008

ABRANCHES, Sérgio Paulino. Pirataria e Plágio na Era Digital: Desafios para a Prática Docente. Anais Eletrônicos. UFPE. Recife, 2008.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O ensino de novas competências para a gestão do conhecimento


O fragmento abaixo do Texto “A sociedade da aprendizagem e o desafio de converter informação em conhecimento” de Juan Ignacio Pozo leva-nos a refletir sobre nossa postura como educadores e a necessidade de mudança de paradigmas, principalmente relacionados às novas tecnologias de informação e comunicação. Então, convido você a ler e a contribuir ricamente com seu comentário.

O ensino de novas competências para a gestão do conhecimento

Uma das metas essenciais da educação, para poder atender às exigências dessa nova sociedade da aprendizagem, seria, portanto, fomentar nos alunos capacidades de gestão do conhecimento ou, se preferirmos, de gestão metacognitiva, já que, para além da aquisição de conhecimentos pontuais concretos, esse é o único meio de ajudá-los a enfrentar as tarefas e os desafios que os aguardam na sociedade do conhecimento. Além de muitas outras competências interpessoais, afetivas e sociais (ver, por exemplo, Monereo e Pozo, 2001), a nova cultura da aprendizagem requer, no mínimo, ensinar aos alunos, a partir das diferentes áreas do currículo, cinco tipos de capacidades para a gestão metacognitiva do conhecimento (amplamente explicadas em Pozo e Postigo, 2000):
● Competências para a aquisição de informação.
● Competências para a interpretação da informação.
● Competências para a análise da informação.
● Competências para a compreensão da informação.
● Competências para a comunicação da informação.
        Todavia, mudar as formas de aprender dos alunos requer também mudar as formas de ensinar de seus professores. Por isso, a nova cultura da aprendizagem exige um novo perfil de aluno e de professor, exige novas funções discentes e docentes, as quais só se tornarão possíveis se houver uma mudança de mentalidade, uma mudança nas concepções profundamente arraigadas de uns e de outros sobre a aprendizagem e o ensino para encarar essa nova cultura da aprendizagem (Pozo e Pérez Echeverría, 2001).
        Embora se diga que vivemos em uma sociedade do conhecimento, o acesso a esse conhecimento culturalmente gerado não é fácil, como mostram as crises permanentes vividas por nossos sistemas educacionais, às voltas com demandas cada vez maiores de alfabetização – isto é, de universalização de sistemas culturais de representação e conhecimento – não apenas escrita e numérica, mas também científica, artística, econômica, etc. Nesse sentido, o valor crescente do conhecimento, assim como sua gestão social em nossa sociedade, deveria revalorizar a importância dos processos de aprendizagem ou de aquisição de conhecimento, já que constituem uma das ferramentas mais poderosas para essas novas formas de gestão social do conhecimento. Quem não pode ter acesso às múltiplas formas culturais de representação simbólica socialmente construídas (numéricas, artísticas, científicas, gráficas, etc.) está socialmente, economicamente e culturalmente empobrecido. Em suma, na sociedade da aprendizagem, converter esses sistemas culturais de representação em instrumentos de conhecimento – fazer um uso epistêmico deles – requer apropriar-se de novas formas de aprender e de relacionar-se com o conhecimento. Esse é um dos maiores desafios a ser enfrentados por nossos sistemas educacionais nas próximas décadas.

Aprendizagem colaborativa

Pensar em tecnologias em educação é trabalhar com a aprendizagem colaborativa. O vídeo a seguir nos leva a refletir sobre nossa prática educacional. O que estamos promovendo em sala, a aprendizem tradicional ou a colaborativa?